
Filme:
The Message (1977)
Diretor:
Moustapha Akkad
País:
EUA
Idioma
original: inglês e arábico
Duração:
177 min.
Gênero: Aventura, biografia e drama.
Sobre o diretor:
Moustapha Akkad nasceu em Aleppo, Síria no dia 1 de julho de 1930. Aos 19 anos de idade viajou para os Estados Unidos a fim de seguir seu sonho de trabalhar com cinema. Em 1976 teve sua primeira experiência como um diretor no filme The Message. Além da direção, foi também o produtor. Dirigiu também O Leão do Deserto (1981), onde trabalhou novamente com Anthony Quinn, que fez o papel de Hamza o em The Message. Realizou ainda uma versão em árabe, a qual o forçou a filmar duas vezes boa parte do filme com outros atores para poder fazer a transição do inglês. A maioria dos seus trabalhos no cinema foi como produtor, participando como produtor dos oito primeiros filmes da série Halloween, começando esse trabalho em 1978. Como diretor, Moustapha Akkad traz sempre a visão do Mulçumano da História do surgimento de sua própria religião. Isso vale para ambos os filme dirigidos por ele (The Message e O Leão do Deserto).
Em 2005, junto com a filha, morreu após um ataque terrorista na Jordânia. Seu papel como diretor teve o objetivo levar para o Ocidente a historia do Islã, sua religião. Ele tomou para si mesmo esse trabalho de levar a história mulçumana, pouco conhecida no Ocidente:
I did the film because it is a personal thing for me. Besides its production values as a film, it has its story, its intrigue, its drama. Beside all this I think there was something personal, being Muslim myself who lived in the West I felt that it was my obligation, my duty, to tell the truth about Islam. It is a religion that has a 700-million following, yet it's so little known about it, which surprised me. I thought I should tell the story that will bring this bridge, this gap to the West.1
Sobre
a produção do Filme:
O filme foi rodado na Líbia e no Marrocos,
durando seis meses em cada localização. A história se passa no começo do século
VII, na região de Medina e Mecca (atual Arábia Saudita). A escolha de atores de
Hollywood foi nada menos que uma ação de propaganda para o filme. Com a
utilização de atores conhecidos nos Estados Unidos, torna a aceitação do
publico muito maior, já que o tema do filme é muito delicado, principalmente se
tratando da politica externa dos Estados Unidos com relação ao Oriente Médio
especificamente. Essa fragilidade do assunto pode ser vista no modo que no
filme os cristãos são retratados. O único personagem cristão do filme é um rei,
que fica localizado não muito distante de Mecca. A visão mostrada pelo filme é
de um cristão pacífico, que aceita o outro apesar de sua religião, de reino
onde nenhum homem é prejudicado, indiferente de sua religião. O motivo de Akkad
mostrar o cristão assim vem do fato do seu público alvo, o cidadão dos Estados
Unidos, que é cristão, e se tiver a visão de sua religião degradada no filme, o
mesmo não teria como atingir sucesso, e transmitir sua mensagem para o público.
O filme tem uma preocupação importante
em mostrar as vestimentas das populações, suas tradições do cotidiano como a do
comercio. A musica muçulmana também é bem trabalhado, aparecendo em diversos
momentos e de forma mais presente sempre que Maomé está na cena.
Curiosidade:
Clérigos mulçumanos foram consultados
pela produção do filme para a autenticação do material histórico e da
“permissão” para fazer o filme. Após seis meses de filmagem o filme foi rejeitado
pela Liga Mundial Mulçumana em Mecca. Com isso o governo da Arábia Saudita
pressionou o Marrocos para parar com a produção. Após serem expulsos de
Marrocos, Akkad foi pedir apoio a Muammar Gaddafi, que, além de financiar
este filme de Akkad, deu apoio financeiro de $35 milhões de dólares para outro
filme de Akkad, Leão do Deserto (1981).
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O filme:
Maomé por motivos religiosos, não é mostrado
ou ouvido no filme. Em todo momento que Maomé tem sua presença mostrada no
filme, à câmera se torna seu ponto de vista (como se fosse em primeira pessoa)
e uma musica serena é tocada no fundo. Suas falas são repetidas pelos
personagens a sua volta, para não haver o uso de sua voz. Comerciante de Mecca
que tem o hábito de se isolar em uma caverna nas montanhas da região, tem uma revelação
ao longo de um de seus retiros. Tal revelação ocorre aos quarenta anos de
idade. Deste momento em diante ele passa a pregar a mensagem Islâmica.
No início apenas alguns se juntam a
Maomé. A elite local, liderada por Abu Sofyan tenta eliminar Maomé e sua nova
religião. Hamza, tio de Maomé e seu filho adotivo tem na narrativa de Akkad o
papel principal. Com a perseguição, todos os seus fieis são obrigados a migrar
para um reino cristão próximo, que concede a eles a cidade de Medina. Em
Medina, o que eram algumas centenas de seguidores tornou-se milhares. A
perseguição religiosa nunca cessou, levando Hamza a persuadir Maomé a entrar em
guerra com as elites de Mecca, que saquearam todos os pertences dos seguidores
de Maomé, deixados em Mecca.
Uma caravana é montada com os pertences
saqueados de Mecca. Maomé formula um plano de guerra, de interceptar a caravana
em um posto de parada, um lugar com diversas fontes de agua, que necessária para
o abastecimento e descanso. Liderado por Hamza (Maomé que liderou a batalha,
mas como o filme não pode mostrar a figura do profeta, Hamza foi colocado na
liderança) o exercito Islâmico consegue a vitória.
Após esta vitória anos se passam e
vários conflitos entre as elites de Mecca e Mohammad ocorrem, até que ambos os
lados, esgotados, chegam a um acordo de trégua de dez anos. Durante esse tempo
os seguidores de Maomé crescem, e muito. Em algum momento, alguns soldados de
Mecca a cavalo, são mandados sem a permissão de Abu Sofyan (o mais importante
líder de Mecca) para trair o acordo, matando alguns soldados de Maomé.
Então com a quebra do acordo o profeta
junta seus soldados e marcha para Mecca. Neste momento o exercito islâmico já
era maior que o de Mecca. Abu Sofyan sabendo da derrota iminente vai ao
acampamento de Maomé para converter-se ao Islã e impedir a destruição de sua
cidade, devido ao cerco que a cidade sofreria.
Mecca rende-se pacificamente a Maomé
que, não saqueia de forma alguma, apenas ocupa a cidade e volta para sua casa,
Mecca.
A proposta do filme é de ser uma
propaganda religiosa. Talvez não seja de modo escancarado, mas mesclado com o
extenso trabalho historiográfico feito ao redor do filme. Akkad como mulçumano queria
trazer para o mundo ocidental a história da sua religião, muito pouco
conhecida. São mostrados constantemente os princípios do Islamismo (exemplo: na
religião mulçumana todo fiel é igual, não importa a raça ou posição social).
Outro aspecto é o da facilidade da conversão para o Islã, que ao ouvir um
simples discurso largam os deuses de sua antiga religião e aderem às profecias
de Maomé. A sensação que o filme passa sobre este aspecto é que as populações
não tinham uma identificação com religiões locais.
Atividades
Sugiro que seja feito em sala de aula uma
atividade composta com a análise da figura de Maomé histórico e o do filme, discutindo
o porquê de não mostrar sua figura, e o porquê da religião islâmica condenar a
adoração de ídolos.
Referências:
Por Vitor Valente
Aluno do curso de História FAED/UDESC
Turma de 2013/1