Diretor:
Mario Monicelli
País:
Itália/ França/ Espanha
Duração:
116 minutos
Gênero:
comédia
Sobre o diretor: Mario Monicelli (1915-2010) nasceu e morreu em Roma. Foi
diretor de mais de 60 filmes, além de ser roteirista e também atuar. Era
formado em História e Filosofia, e por ser filho de um jornalista e crítico
teatral, muitos de seus filmes tinham um propósito argumentista, ou seja, de
argumentar e debater com os assuntos que aborda em seus filmes. Conhecido como
detentor de um particular espírito de crítica através da comédia, ou
satirização, imprimiu sua poética cinematográfica através da mesma, com uma narrativa
leve e simples, mas funcional. Atuou também como crítico cinematográfico de
mais de 40 filmes. Nos filmes que dirigiu, trabalhou com diversos assuntos,
históricos ou não. Seus filmes, além de fazer rir, nos fazem pensar e refletir.
Em 29 de novembro de 2010, sendo tratado de câncer de próstata, se suicidou,
jogando-se do 4º andar do hospital.
Filmografia:
Foi diretor de muitos filmes, mas relacionado ao filme “O
Incrível Exército de Brancaleone”, houve a produção de uma segunda película em
sua continuidade: “Brancaleone nas Cruzadas”, produzido em 1970. Outro filme
feito por ele que também aborda sobre a Idade Média foi “Bertoldo, Bertoldino e
Cacasenno”, de 1984.
Contexto
histórico do filme:
O filme é contado a partir do ano 1000 d.C, a chamada Baixa
Idade Média e é baseado em uma história verídica. Apesar de fugir de certos
pontos na história, trata-a com um olhar engraçado, brincando com certos fatos
e satirizando a situação da Europa no século XI. Nessa época estavam ocorrendo
várias guerras, as ameaças dos Turcoromanos, pestes negras, fome e também
fanatismo religioso.
Resumo do filme:
O filme começa quando um
importante cavaleiro francês está para tomar posse de suas terras, mas é morto
por determinado grupo. Esse grupo toma para si a escritura do terreno e
precisam de alguém que fosse seu cavaleiro. Eles acabam achando Brancaleone,
que apesar de cavaleiro, não era muito rico e só tinha um cavalo, a quem
chamava de Aquilante. Brancaleone de Nórcia era muito atrapalhado e também
mulherengo. Quando lhe apresentam a escritura, eles partem para Aurocastro, em
busca dessa fortuna e também de poder. Porém, esse seu “exército” era de
plebeus, um grupo pequeno, esfarrapado e sem armadura ou treinamento adequado
para uma cavalaria. Durante todo seu trajeto até a cidade, eles passam por
vários episódios. Há muita fome e como o exército não é oficial, não tem muitos
recursos. Além disso, a peste negra que devastava a população naquela época
traz muitos problemas, como a própria doença e morte, não somente para ele e
seus homens, mas á população em geral.
Há muitas partes interessantes no
filme, e numa delas Brancaleone entra em um torneio da cavalaria, onde quem
ganhasse casava-se com a filha de um nobre, tornando-se nobre também. O
cavaleiro tenta de tudo para conseguir esse prêmio. Porém, não possuía bons
equipamentos e perdeu, tendo que assim, ter vários embates para conseguir
dominar o feudo e ainda por cima, dividir as riquezas. Em uma das melhores
partes, acontece o encontro com o monge Zenone, que acaba recrutando
Brancaleone e seu exército para lutar na guerra santa. A guerra santa, também
conhecida como Cruzadas, eram movimentos militares Jerusalém e onde Jesus teria
andado, para tirá-las dos muçulmanos e manter as terras sobre o controle
cristão. As Cruzadas eram também eram também uma peregrinação, uma forma de
pagamento a alguma promessa, ou uma forma de pedir alguma graça, pagar
penitencia e garatir sua salvação.
Outro episódio se dá quando eles
encontram Matelda e seu tutor. Quando morre, ele faz com que Brancaleone
prometa que vai levá-la de volta a seu noivo. Matelda, porém, quer fugir com
Brancaleone, que mesmo sendo mulherengo, diz que é dever dos cavalheiros
protegerem as donzelas e mantê-las puras.
Em várias partes, há a figura do
bizantino, muito presente nessa época e também personagem muito polêmico no
filme, porque em vários pontos vai de encontro com a filosofia da Igreja
Católica. E como não podia ficar de fora, a atividade comercial também é
problematizada, através de Habacuc, um judeu que sabia ler e viajava com um baú
cheio de mercadorias e muito bom negociador, que tenta tirar vantagem e ganhar
um lucro com a posse da escritura.
Mesmo com todos os empecilhos do
caminho, ao chegarem a Aurocastro, são bem recebidos como novos donos da terra.
Isso porque o senhor feudal tinha a obrigação de defender o feudo,
principalmente dos sarracenos. Mas acabam sendo capturados e só são libertos
por um grupo que luta em nome de Deus e após seguem rumo a Terra Santa. Agora,
não mais atrás de poder e riqueza, mas glória e salvação (ou seja, para lutarem
juntos nas Cruzadas).
Análise:
Antes de tudo, trata-se de uma paródia a Dom Quixote. O
filme é super descontraído, começando pela narração, que é irônica. Aborda
temas tão importantes que estudamos na escola e até mesmo na faculdade,
mesclando humor e reflexão. Brinca com os ritos, crenças e costumes, além da
religião e o fanatismo que estava ocorrendo durante aquele período. Em todos os
momentos, porém, pode-se perceber a crise do feudalismo e as relações sociais
nesse mundo feudal, em cenas que mostra-se a fome e também pobreza, além da
hierarquia demonstrada. Mostra também que não só o dinheiro, mas era a classe
social que contava como importante para a estrutura social da época.
Expressa o poder que a Igreja Católica tinha na sociedade e
também o fanatismo religioso que nasceu dessa relação que a Igreja criou.
Mostra algumas figuras como os sarracenos e os bizantinos, tratando o segundo,
como quem sempre quer levar a vantagem em cima dos outros, o traidor, demonstrando
assim o ressentimento italiano em relação a estes, criado a partir da cisão com
Roma. Os três pontos “guerras, peste e fome”, apesar de serem temas fortemente
presentes, ficam mais leves com a sátira de Mario. Mas, uma das principais
argumentações quanto ao que acontece no filme, é sobre os códigos e jeitos de
agir dos cavaleiros, seus costumes e obrigações como sendo parte essencial
dessa classe social. É um ótimo filme, com grande pesquisa histórica e que
mostra que o cinema pode ser tratado com certo tom de comédia e mesmo assim,
abordar por em debate assuntos historicamente relevantes.
Por Bruna
Maiara Gums
Aluna do curso de História FAED-UDESC
Turma 2013/1
Cena
inicial, quando descobrem que roubaram a escritura de um cavalheiro muito rico.
Cena
em que Brancaleone vai em defesa de Matelda