Idade Média?

“Idade Média”, ”História Medieval” ou “Medievo” são referências a um período da história europeia, compreendido entre os séculos V e XV. Transição da Antiguidade para a Modernidade.
A Idade Média foi um período de intensas transformações. Há um novo sistema econômico, baseado no campo, o feudalismo, que não se aplicara de forma igual em todos os lugares; divisões religiosas, presentes dentro da Igreja Católica e no Islamismo; revoltas camponesas que objetivaram melhores condições de vida; intensas disputas por poder, por ascensão hierárquica; guerras por questões religiosas e econômicas e tantos outros fatores, por vezes ocultos por um saber estereotipado do período, restrito à cegueira mística do domínio religioso ou ao encantamento inventivo da sociedade cavalheiresca, seus castelos, lendas e maravilhas.
Na sociedade contemporânea, há uma grande valorização desse período, sobretudo na indústria cinematográfica. A presença de filmes com essa temática é a cada dia mais comum. E junto com esta “febre de Idade Média” em Hollywood, nascem algumas questões: Em que medida esses filmes nos ajudam a compreender a história medieval? Como devemos assisti-los? De forma passiva, como puro entretenimento? Certamente não. Ou, pelo contrário, como críticos intolerantes, cobrando-lhes a precisão dos textos acadêmicos? Tampouco. Talvez mais do que buscar fidelidade absoluta à historiografia, possamos encontrar nestes filmes faíscas para um debate em sala de aula: que imperfeições merecem ser problematizadas? Quais imagens ajudam a melhor assimilar lógicas distantes de um passado longínquo? Como transcender uma interpretação exclusivamente narrativa dos filmes para ir ao encontro de indícios de sua produção, relacionados, portanto, ao presente em que foram feitos, o que os torna não mais uma forma de historiografia, mas documentos, fontes para uma história do tempo presente.
Conhecer a “Idade Média dos dias de hoje” – a ideia que dela se faz atualmente – é um desafio que pode ser vencido através de um contato mais efetivo com a filmografia que a cerca. Mais do que conhecer as dinâmicas daquele período distante que demarca o nascimento do Ocidente, é preciso questionar também os usos do passado que cercam o “momento medieval” na contemporaneidade.
Por Professor Marcelo Robson Téo,
Lucas Kammer Orsi,
Lucas Santos

Henrique V (1989)

Filme: Henrique V (1989)
Diretor: Kenneth Branagh
País: Reino Unido
Idioma original: Inglês
Duração: 137 minutos 
Gênero: Drama, Ação e Biografia






William Shakespeare foi um poeta e dramaturgo inglês tido como o maior escritor do seu idioma. Suas peças foram traduzidas para os principais idiomas do mundo, muitos de seus textos e temas, especialmente os de teatro, permaneceram vivos até aos nossos dias, sendo trazida com freqüência pelo teatro, televisão, literatura e, é claro, o cinema.

No ano de 1989 foi lançado o longa HENRIQUE V, que com certeza é um grande marco da passagem literária para os cinemas. No filme Henrique V Shakespeare irá falar da Europa em pleno século XIV, dos reinos da França e da Inglaterra, e o problema da sucessão ao trono francês. Com a morte de seu pai, o rei Henrique IV, Henrique V assume o trono da Inglaterra.
E logo após conseguir pacificar os conflitos internos, o novo monarca dedica-se à política externa, com ênfase para sua pretensão de conquistar a coroa da França. Tendo como apoio os nobres que são manipulados perante o interesse da igreja. Tal pretensão baseia-se no fato dele ser bisneto de Eduardo III, o rei que julgou ser legítimo herdeiro do trono francês
Com base em seus argumentos, Henrique V envia um emissário à França reivindicando vários feudos. Diante da negativa francesa, ele prepara um pequeno exército para invadir aquele país. Os franceses, entretanto, estavam cientes de todos os passos que Henrique V daria, graças ao fato de contar com a traição de três homens importantes e próximos dele. Mas a traição foi descoberta pelo próprio, que conseguiu embarcar para França.
Ao desembarcar na França, Henrique V enfrenta os franceses em Harfleur, sem maior resistência, em seguida vai tomando as outras cidades costeiras. Ao descobrir que
um de seus homens havia roubado uma igreja francesa, o pune com a morte por enforcamento. A seguir, ordena que, durante sua marcha pelo país, nada seja extorquido dos povoados e que nenhum francês seja menosprezado. No decorrer do filme nota-se que tanto o diretor, quanto o escritor, tinha a intenção de glorificar o rei Henrique V como símbolo da coragem e vigor.
A noite que antecede a grande batalha entre os dois exércitos é extremamente tensa para os ingleses, pois estes sabem da superioridade em relação a quantidade do inimigo que era maior. Num longo discurso para seus homens, Henrique V apela para a bravura e o patriotismo deles, além de convencê-los que estão lutando por uma causa justa.
Essa parte do filme sem dúvidas é uma das mais importantes e impactantes, graças ao recurso utilizado da trilhar sonora. Uma música que começa em um nível fraco, mas com o decorrer da cena ela vai aumentada, fazendo com que o discursos pareça cada vez mais real e convincente.
Ao amanhecer o dia, ocorre a tão esperada batalha. Tendo em seus arqueiros seu ponto mais forte, enquanto a cavalaria francesa tenta alcançá-los, resultando em grandes mortes. Os que conseguem alcançá-los iniciam uma luta corpo-a-corpo. Em geral, as tropas lideradas por Henrique V saem vitoriosas, registrando uma perda de poucos homens comparados ao número de franceses.
Após meses de negociações, Henrique V é declarado herdeiro do trono da França, e casa-se com sua prima.
O filme Henrique V pode ser trabalhado em sala de aula de diversas formas. Uma delas é a problematização das fontes: como pensar em uma reconstrução histórica a partir de uma fonte literária (no caso shakespeariana) ou fílmica? A partir desse debate o professor pode orientar o aluno no contato com fontes históricas distintas, guiando a reflexão sobre seus usos e necessidades de problematização.



Por Roberto Levy Schiante
Aluno do curso de História FAED-UDESC
Turma de História 2013/1