
Diretor: Uli Edel
País: EUA, Alemanha, República Tcheca
Idioma original: inglês
Duração: 183 min.
Gênero: Drama/ Fantasia
Sobre
o diretor:
Depois de estudar teatro em Munique, Uli Edel foi aceito na Munich Film School juntamente com Bernd Eichinger. Uli fez
amizade com ele e começaram a trabalhar juntos em seus filmes, compartilhando o
amor pela nouvelle vague e neo-realismo italiano, assim como o cinema
mainstream dos EUA.
Enquanto ainda matriculados na escola de
cinema, Edel começou a ter aulas de atuação. Ele queria saber sobre as teorias
de Stanislavski e Strasberg. Depois de terminar os estudos de Uli trabalhou
como diretor assistente, com Douglas Sirk e dirigiu duas produções de TV.
Em 1980 ele se juntou Bernd Eichinger e
Herman Weigel para a história autêntica da adolescente viciada em drogas
Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída. Ele acabou por ser um grande
sucesso nacional e internacional, quando foi lançado um ano depois.
Em 2008, seu filme Der Baader Meinhof
Komplex foi lançado na Alemanha. O drama aclamado pela crítica foi nomeado para
um Globo de Ouro e um Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira.
Filmografia:
1981 – Eu, Christiane F., 13 anos,
drogada e prostituída
1993 – Corpo em Evidência
2000 – O pequeno Vampiro
2001 – As Brumas de Avalon
2008 – O Grupo Baader Meinhof
O filme:
A lenda do Rei Arthur
toma forma à medida que se conhece um pouco da história da Bretanha. De
historicidade duvidosa e discutida até hoje por diferentes vertentes, a figura
de Arthur aparece como a representação da defesa da Bretanha contra os saxões
invasores, em um período colocado como próximo ao século V ou VI.
Representado pelos
cronistas da época, o Rei Arthur ganha até hoje as mais diversas
interpretações, protagonizando filmes, livros e se tornando um dos temas mais
explorados da cultura pop. Nesse ponto, uma das referências mais conhecidas é o
romance As Brumas de Avalon, adaptado
para o cinema no ano de 2001.
As
Brumas de Avalon se baseia na obra da autora Marion
Zimmer Bradley, de 1979, e traz uma interpretação da lenda na qual o destino da
Bretanha é influenciado principalmente pelas personagens femininas, como
Viviane (Anjelica Huston) e Morgana (Julianna Margulies).
Em uma Bretanha já
cristianizada, a sacerdotisa Morgana afirma que os feitos do Rei Arthur e de
seus companheiros estavam cercados de mentiras, e conta desde o começo do
levante contra os saxões, qual foi a influência das sacerdotisas para salvar
Avalon.
Por
ser uma adaptação de um romance, que por sua vez é baseado em uma lenda, não
podemos percebê-lo como uma fonte confiável acerca dos hábitos e práticas do
momento abordado (séculos V/VI). Pode-se dizer até que o filme representa mais
uma visão dos anos 2000 sobre a década de 1970, do que o século V em si.
A utilização desse
filme para suscitar uma discussão sobre a mentalidade da sociedade medieval
possui alguns problemas práticos. O primeiro é que As Brumas de Avalon é muito longo, o que levaria mais de duas aulas
para completá-lo a menos que fossem selecionados apenas pequenos trechos dele
para passar aos alunos. Segundo por ser historicamente questionável quando se
trata, por exemplo, do papel da mulher na construção daquela sociedade, que
acaba se tornando anacrônico.
O filme também possui
um ritmo muito lento, que faz com que a turma se disperse com mais facilidade e
não consiga prestar atenção aos aspectos interessantes que ele traz.
Apesar disso, As Brumas de Avalon possui pontos
positivos: a partir dele o público pode trabalhar as interpretações atuais de
costumes da vida medieval, como a importância dos laços matrimoniais e a
influência que o cristianismo exerceu sobre a população, assim como as formas
de resistência à essa influência. Logo nas primeiras cenas, Igraine (Caroline
Goodall) se mostra disposta a perder o próprio marido para salvar Avalon do
domínio cristão, cumprindo a profecia feita por Morgause (Joan Allen). Essa
determinação acaba demonstrando um desejo forte de manter a própria cultura
intocada enquanto o mundo ao redor se curvava ao cristianismo.
Para concluir, a
produção também foi cuidadosa em representar da melhor forma possível
as vestimentas e os cenários da época, da forma como se imagina que seja um
mundo medieval.
Por Thayse Fernandes
Aluna do curso de História FAED – UDESC