Diretor:Jean-Jacques Annaud
País: EUA
Idioma original:
inglês
Duração: 126
min.
Gênero: histórico
Sobre o diretor:
Jean-Jacques Annaud (Draveil, 1943) é um cineasta francês. A China proibiu sua entrada no país devido às filmagens de Sete Anos no Tibete.
Filmografia :
· 2004 - Two Brothers
· 2001 - Enemy at the Gates (Círculo de fogo)
· 1997 - Seven Years in Tibet (Sete anos no Tibete)
· 1995 - Wings of Courage
· 1991 - L'Amant (O amante)
· 1988 - L'Ours (O urso)
· 1986 - Der Name der Rose (O Nome da Rosa)
· 1981 - La Guerre du Feu (A Guerra do Fogo)
· 1979 - Coup de tête
· 1976 - Noirs et blancs en couleur (Preto e branco em cores)
· 1997 - Seven Years in Tibet (Sete anos no Tibete)
· 1995 - Wings of Courage
· 1991 - L'Amant (O amante)
· 1988 - L'Ours (O urso)
· 1986 - Der Name der Rose (O Nome da Rosa)
· 1981 - La Guerre du Feu (A Guerra do Fogo)
· 1979 - Coup de tête
· 1976 - Noirs et blancs en couleur (Preto e branco em cores)
O filme:
O filme, baseado no romance de Humberto Eco, o primeiro
grande sucesso de sua autoria, conta a história de um mosteiro onde misteriosas
mortes estão ocorrendo. Em meio as crenças supersticiosas dos padres e monges,
acerca da presença e ação direta do demônio, um monge franciscano tenta
desvendar os casos ocorridos através do uso da razão, sem obviamente deixar de
lado sua fé. A questão de um padre que tenta fazer uso da razão para descobrir
algo por trás daquilo que todos os outros acreditam ser obra do sobrenatural, é
ao meu ver um mecanismo proposital do autor, querendo colocar os antagonismos
de uma época assombrada pela pela presença inquebrável da igreja católica sobre
o conhecimento humano, passando assim estes antagonismos na forma de
personagens que representam os medos e ideias de uma época.
O filme tenta retratar, de modo excepcional, as
contradições que estavam envolvidas entre o que a igreja pregava, e o que seus
membros praticavam. Mas vale ressaltar que o filme não tenta impor uma imagem
maniqueísta da Igreja Católica, e sim colocar em questão atos humanos que nunca
deixaram de ser menos errados, apenas por estarem protegidos pela cruz. Do
mesmo modo, o monge Franciscano Guillermo, apesar de fazer uso da razão, não é
retratado como alguém que estivesse de modo ridiculamente fora de seu tempo, o
monge do filme é sim construído na imagem de uma pessoa racional, mas uma
pessoa sobretudo da Europa medieval, e como tal sujeita as crenças e costumes
de seu tempo.
Muitas coisas interessantes são tratadas no filme, e se
engana quem pensa que a única reflexão que se pode tirar é o domínio da igreja
sobre o conhecimento e a restrição do acesso aos livros. É verdade que esta é a
discussão central que o filme parece querer despertar, porém podemos analisar outros
debates interessantes. A discordância entre as diversas ordens da Igreja,
questões simples como considerar ou não a risada um pecado gerando debates
calorosos entre os franciscanos e a ordem do monastério. A questão do voto de
pobreza, e de como boa parte da igreja acaba indo contra as bases do próprio
cristianismo. Podemos imaginar os medos que despertavam nessas pessoas, quando
tais questões eram levantadas, tanto do lado das ordens mais ortodoxas da
igreja, temendo que a ideia de doar as riquezas pudesse se tornar demasiado
popular, ou do lado de ordens como a dos franciscanos, temendo serem
considerados hereges por suas declarações.
Depois , temos a questão da santa inquisição, e aqui o
filme quer nos dar uma ideia bem clara de como era inflexível, e autoridade
máxima, da qual não se atrevia a ir contra, apesar de o personagem do filme o
ter feito em um momento da história. O julgamento dos inquisidores no filme
mostra como pode se ter a autoridade de conseguir uma confissão, no momento em
que um dos frades apela aos inquisidores, e diz que assumirá "qualquer
coisa", desde que não seja submetido a tortura. Ora, o medo de ser
torturado, e se não o medo, a dor de estar sendo torturado, arrancaria qualquer
confissão que o inquisitor desejasse, fazeno com que não houvesse
"erros" de julgamento por parte do inquisitor, o culpado sempre se
declarava culpado.
Mas a parte que o filme aparente desejar trazer maior
reflexão, é em relação a retenção de conhecimento. O monastério onde a história
se desenrola guarda uma biblioteca gigantesca, onde milhares de livros são
preservados, lidos e traduzidos, para depois serem mais uma vez guardados. Não
há uma preocupação em se disponibilizar este conhecimento, nem mesmo entre os
frades, a não ser aqueles encarregados de cuidar da biblioteca. Como o próprio
padre, culpado das mortes que vinham ocorrendo, disse: "o conhecimento não
está lá para progredir, e sim apenas para ser perpetuado", dentro da própria
biblioteca é claro.
Todas as questões trazidas pelo filme são muito
interessantes, especialmente pelo fato de não exagerar no
"maniqueísmo" por parte da igreja, mas entender a complexidade do que
era para estes homens questões como disponiblizar ou não o conhecimento, ou até
mesmo rir ou não rir. Pois não podemos esquecer que estes homens são frutos do
seu tempo, e portanto, seus atos não podem ser verdadeiramente entendidos fora
deste contexto. Claro, estamos falando aqui de uma ficção, mas a retórica que
usei serve para refletir, caso estivéssemos falando de um documento histórico
relatando uma história parecida. O nome
da rosa é um filme sensacional, daqueles que todo professor de história pode
passar em sua sala, quando for falar de Idade Média.
Por Guilherme Bachmann
Aluno do curso de História FAED – UDESC