Diretor: Ridley
Scott
País: EUA
Idioma original:
inglês
Duração: 155
min.
Gênero:
aventura.
Sobre
o diretor:
Ridley Scott (1937) é diretor e produtor de cinema,
inglês conhecido por longas-metragens históricos e de grande sucesso de
bilheteria como o filme Cruzadas (2005)
e Gladiador (2000). Ridley Scott foi
indicado a diversos prêmios com o filme Gladiador
e em grande parte é muito bem elogiado pela crítica. Seus filmes históricos
sempre tratam de algum tipo de conflito, seja ele em batalhas ou de ideologias
(um exemplo é o filme Cruzadas, que
foi feito para tentar mostrar a cultura islâmica como algo naturalmente mal e
que merecesse ser controlado e as pessoas presentes nesta religião salvas); ou
o caso do filme 1492: A Conquista do
Paraíso com representações de conflitos entre igreja e ciência, imaginário
e realidade, o que nos permite analisar um pouco melhor escolhido para esta
resenha que demonstra bem a rixa entre Inglaterra e França que posteriormente
veio a dar origem a Guerra dos 100 Anos. Outro ponto que chama atenção é a
religiosidade que aparece muito em seus filmes históricos e este não é exceção.
Filmografia:
Ø Como
Diretor:[1]
1992
– 1492: A Conquista do Paraíso
2000
– Gladiador
2005
– Cruzada
2010
– Robin Hood
Sobre
a lenda medieval que inspirou o filme:
A Lenda de Robin Hood, muitas vezes chamado de Herói dos Pobres, surgiu na Inglaterra e
provavelmente teria vivido no século XIII, porém sua primeira aparição na
literatura dará do século XIV. Robin Hood pode ser interpretado como o
introdutor de um personagem representativo dos foras da lei e/ou rebeldes
justiceiros.
Na lenda Robin Hood é interpretado como um grande
herói das florestas e dos pobres que possui como seu maior inimigo a
representação de um poder político e social, conhecido como xerife de
Nottingham. Robin Hood então seria o herói que rouba dos ricos egoístas para
realizar sua justiça e dar aos pobres o que, em sua visão, seria por direito
deles.A versão que exponho da lenda narra os seguintes fatos da vida deste herói do imaginário medieval: Em função da usurpação do trono, o príncipe John, teria passado a governar a Inglaterra, aumentando os impostos e também destruindo o castelo onde morava Robin Hood com seu pai, o barão de Locksley. Órfão e sem ter onde morar, o herói passa a morar na floresta junto a um grupo de homens liderados por ele. Juntos, lutariam contra o príncipe John.
Na versão de Ridley Scott, Robin Hood seria um
cavaleiro que ao observar certos fatos relacionados a um golpe na coroa
passaria a ser procurado para morte. Nesta versão ele também não é órfão,
apenas foi abandonado pelos pais e é apresentado como um herói mais “humano” do
que o das outras lendas envolvido pela luxuria, prazer e roubos pessoais
ligados a este lado da justiça que é sempre presente.
Resenha
do filme:
A sinopse do
filme Robin Hood (2010), dirigido por Ridley Scott, chama inicialmente a
atenção para característica de interpretação da lenda do herói medieval. Por
esta sinopse, Robin Hood e o grupo de homens que vivia na floresta seriam
ladrões e saqueadores que só se preocupavam consigo mesmos.
Robin Longstride (Russell Crowe) integra o exército do rei Ricardo Coração de Leão (Danny Huston), que está em plenas cruzadas. Após a morte do rei, ele consegue escapar juntamente com alguns companheiros. Em sua tentativa de fuga eles encontram Sir Robert Loxley (Douglas Hodge), que tinha por missão levar a coroa do rei a Londres. Loxley foi atacado por Godfrey (Mark Strong), um inglês que serve secretamente aos interesses do rei Filipe, da França. À beira da morte, Loxley pede a Robin que entregue a seu pai uma espada tradicional da família. Ele aceita a missão e, vestido como se fosse um cavaleiro real, parte para Londres. Após entregar a coroa ao príncipe João (Oscar Isaac), que é nomeado rei, Robin parte para Nottingham. Lá conhece Sir Walter (Max von Sydow) e Marion (Cate Blanchett), respectivamente pai e esposa de Loxley. (http://www.adorocinema.com/filmes/filme-126127/ acesso em 21/11/2013 às 12:00)
O ponto que mais
ressalto e que seria o melhor a se trabalhar em sala usando este filme como
material didático é a representação das batalhas medievais. Podemos notar isso
logo no início do filme quando é mostrado o cerco realizado pelo Rei Ricardo
Coração de Leão, juntamente com seu exército, a um castelo francês o que
demonstra uma boa pesquisa em fontes históricas. A presença do rei nas
batalhas, forte característica guerras medievais, também é demonstrada no
filme, assim como a representação da rivalidade entre Inglaterra e França que
acaba por ser muito bem observada na Guerra dos Cem Anos que ocorre séculos
depois, um momento que mostra esta relação é quando o irmão do Rei Ricardo tem
relações com a sobrinha do rei da Inglaterra o que é interpretado como dormir
com o inimigo pela mãe de Ricardo, enquanto para o irmão é como uma estratégia.
Saindo um pouco
da linha da Guerra, o filme representa também, de forma muito pertinente, a
religião quando a todo o momento você tem referências à igreja católica e
aclamações às suas principais figuras, este fato está completamente ligado ao
momento em que o filme inicia. O cerco antes mencionado faz parte da última
batalha – a terceira cruzada religiosa – onde um dos lideres, Rei Ricardo
Coração de Leão, é morto, gerando o enredo da história.
Retornando ao
foco da guerra a última cena do filme é fundamental quando se escolhe o foco
das batalhas medievais ao trabalhar-se com este filme nas escolas. Esta cena
demonstra a utilização dos territórios, no caso relevo, a favor do exército
Inglês que possuía a estratégia dos arqueiros ficarem em uma posição mais
elevada facilitando o ataque e principalmente a defesa de algumas regiões,
nesta questão dos arqueiros é interessante a fidelidade dos arcos. O filme
representa muito bem a utilização dos Longbow pelos ingleses e das Bestas
utilizadas pelos Ingleses.
A questão de
guerra não está ligada apenas a veracidade da simulação das batalhas colocadas
no filme, mas também em toda a lógica dos cavaleiros, como o respeito perante o
rei em batalha, assim como a presença dele nas batalhas. Outro ponto de ligação
com a lógica das batalhas é a ligação especial que se tem muitas vezes com
o trazer notícias as famílias, além de
valorizar quem é o portador da mesma, seja ela boa ou ruim, podemos observar no
ritual pelo qual Robin Hood é forçado a passar para informar da morte do rei.
No filme pode-se
observar também a questão da honra muito presente, seja ela em lutar até a
morte, a lealdade aos seus “irmãos de grupo” como é o caso do grupo de Robin
Hood, ou a de honrar seus antepassados, garantindo que suas armas antigas e
fatos sejam lembrados e passados as próximas gerações.
O imaginário que
se faz no filme sobre estas batalhas também merece ser ressaltado em um debate
sobre o filme. A ideia da morte em batalha do rei, pode-se observar um ritual
criado para estes casos, (como se pode observar quando a notícia da morte do
Rei Ricardo chega para a corte real), a manipulação que se consegue através
dela e a presença de muitos cavaleiros que não necessariamente está ligada a
ideia de glória ou de fé, neste caso ligada a cruzada, mas sim por uma ideia de
salário e dinheiro, mesmo que muitas vezes eles não viessem a ter total
esperança em receber os pagamentos está ainda era maior que a da fé religiosa,
em alguns casos como retratado no filme.
A utilização de
luzes e sons são extremamente fortes no filme e contribui para a criação do
ambiente. Mesmo se passando na Idade Média o filme não se restringe a usar
cores apagadas retratando ambientes escuros, colocando diversas cenas bem iluminas
se comparadas as de outros filmes sobre o mesmo período.
Minha proposta,
como já deve ter ficado claro, é que este filme seja trabalhado em sala
analisando as guerras medievais, das quais ele é um bom exemplo, assim como
para trabalhar as diversas interpretações que se tem das lendas dos heróis
medievais.
Nesta
interpretação da lenda, Robin Hood não é colocado como aquele herói que vive na
floresta roubando dos ricos para alimentar os pobres, mas sim como um homem que
sempre realiza algo por interesse. Ele vai às cruzadas talvez por fé, mas
depois passa a ficar por interesse no dinheiro apenas, ele se passa por marido
de uma determinada personagem por interesse no seu passado, por exemplo. A
homem que vive nas florestas aqui é representado por um grupo de jovens que
podem representar uma mistura que dá origem a lenda de Robin Hood que muitos
contam, este grupo será treinado pelo Robin Hood deste filme.
Proposta de
Atividade:
Existem diversas
versões sobre este herói do imaginário medieval e algumas foram transformadas
em filmes e desenhos, assim como em livros e series, e que divergem em muitas
características, principalmente na temporalidade de vida de Robin Hood. Baseado
nesse ponto das divergências uma boa proposta de atividade seria a de pedir que
os alunos se dividam em equipe e pesquisem sobre diferentes manifestações
midiáticas que se apropriaram da lenda trazendo para um debate em sala e
buscando mostrar como esta lenda se modifica, se adapta e se articula com
diferente momentos e culturas notando as divergências e os momentos de
igualdade, sempre lembrando aos alunos que não irá existir uma resposta
correta, afinal é um lenda, e permitindo que eles criem sua própria visão da
lenda adaptada aos dias atuais.
Partindo deste debate
em sala é possível discutir a função das lendas e mitos nos períodos em que são
(re)formulados, entendidos como espaços de reinvenção do mundo.
Por Igor Lemos Moreira
Aluno do curso de
História FAED – UDESC
Turma 2013/1